Para aqueles que nos vêm no palco, tomando cerveja, rindo e segurando as costelas, poderia escapar toda a realidade por trás dos bastidores de Analice. Desde as dificuldades financeiras, até a mágica aparição de um bar montado no palco do Teatro Fernanda Montenegro, apenas meia hora após o termino da peça infantil apresentada no mesmo dia, lá está um bar prontinho, esperando nossos amigos boêmios, nem tão boêmios, bebedores contumazes, habitues, curiosos e amantes do teatro.
Mas o bar que se vê no palco, as vezes esconde a cozinha que é organizada na coxia, para montar e atender as oito mesas do palco. A cozinha também não deixa em evidência os dois freezers que Luciano carrega como louco na sua carreta de moto, para gelar 400 latas de cerveja, e mais seis grades de garrafa que são servidas no palco e na platéia.
Quase não se pode notar a presença da pequena Tainá, recolhendo os ingressos até o início do espetáculo. A música de Beto Dias e a voz da Kátia, foram realizadas com tanta harmonia e humildade, que acabam revestindo de extrema realidade o bar cênico, cujas cores são meticulosamente pensadas e operadas pela iluminação de Gerson.
E assim o bar vai se realizando, saindo de uma folha de papel que vai amarelando com o tempo nas prateleiras da Fundação Biblioteca Nacional, e tomando espaço na realidade. Quando o relógio marca 20:15, o Bar já é real, tão real como o público que começa a chegar, tímido, mas louco de vontade de subir ao palco para tomar uma cerveja de graça. Sim, nossos amigos são mesmo assim. E eles estão lá.
Chegam os primeiros e organizam uma ansiosa fila, muito bem acolhida pela música de Joel Muller. E a fila sorri quando os primeiro atores aparecem no saguão de copo na mão e sorriso no rosto. Como ao bar, as pessoas vão em turma, grandes ou pequenas, as vezes apenas um casal ou dois, mas o fantástico de apresentar a peça Analice em Busca do Homem Perfeito, é que de um público tão diverso, encontramos um ponto comum: A necessidade de sorrir.
E é maravilhoso que Pudim nos dê tanto humor, nos momentos não tão felizes de Analice, permitindo que um texto se desenvolva, sem ter a obrigação de carregar em palavras as graças e desgraças de uma vida tão normal quanto a de Analice.
Pereba, esse garçom preguiçoso e mal humorado, vem nos trazer a realidade de um garçom, que corre mais que as pernas para atender as gargantas sedentas de um gole de cerveja. Lu, a garçonete bela e simpática, é o equilíbrio real do bar, esbanjando a educação que tanto falta para Pereba.
Analice, Tati, Flavinha, Renata e Adriane, são as vozes femininas que tanto nos encantam e nos espantam, mas nos seduzem nos bares que iluminam a noite. Caio, Grego, Carl e Antônio carregam, cada um do seu jeito, esses defeitos que nós homens não conseguimos mais esconder.
Mas a verdade é que, uma vez por mês, o bar está aberto no Teatro Fernanda Montenegro, e a magia deste bar, é que o público ouve a história dos personagens. Sim, esse é um bar onde a história chama a atenção dos presentes. Ouvindo as vezes algo muito parecido com sua própria história, lá está o público, e sorrindo. Histórias tão normais que encontram graça exatamente na comunhão entre personagens e platéia. Histórias que são comuns entre o elenco, o autor, e o público. Esse público que tanto nos tem brindado com sua presença.
Deixando de lado as dificuldades, a verdade é que seguiremos levando essas nossas peças para o palco, e quem sabe em breve, levemos novamente o teatro para o bar, pois a verdade é que, a emoção que nos provoca causar sorrisos e gargalhadas em um público de mais de quinhentas pessoas, a cada vez, leva-nos a encontrar no próprio público o apoio que nos falta em forma de patrocínio.
Assim, em primeiro lugar, muito obrigado ao público, imprescindível à nossa alegria.
Muito especialmente, agradecemos a Gazeta do Povo e a Ângela Antunes pela matéria tão carinhosa que nos foi dedicada, agradecendo também à RPC a inclusão de Analice na Agenda Cultural de sexta e sábado. Seu apoio foi determinante para o sucesso desta apresentação.
Ainda tão especialmente, agradeço aos amigos e atores João Carlos Jardim e Valdo de Souza, por terem assumido o desafio do Cenário, fazendo-o em conjunto ao amigo e sócio Luciano, pela forma com que se dedicou na realização dos detalhes desse bar.
Agradeço e manifesto todo meu orgulho dedicado à atriz Vanessa Pampolini, pela forma abnegada com que se dividiu entre a outra peça que apresenta, a novela que vem gravando e a atuação de assistência de direção de Analice. Vanessa apresentou neste sábado duas peças, com a mesma energia e alegria. Sem dúvida o palco e´seu lugar.
Por último, e muito, gostaria de agradecer a Déia Truppel e a Jardel Kowalski, que hoje tomaram outros caminhos, mas que nem por isso, deixam de ser estes anjos da companhia, anjos e arcanjos que guerreiam por esta legião. A vocês dois, apenas digo que não importa quantas fronteiras, muralhas ou vales se abram entre nós, mas estaremos sempre ao seu lado, pois mais do que a proximidade, o que nos une é a língua dos anjos. A Companhia Anjos Boêmios sempre os terá na melhor estima e carinho.
Dentre todas as dificuldades, quem sabe a maior delas seja organizar essa multidão de nomes que dançam em nossa cabeça no momento de dirigir estes agradecimentos, e levando-se em conta o quanto difícil é lembrar dessa multidão de envolvidos que possibilitam as realização da Companhia Anjos Boêmios, faço-o de forma simples e humilde.
Gostaria de agradecer a todos que de alguma forma assinaram junto com a CABO mais esta apresentação repetindo o sucesso dessa história.
Obrigado Curitiba!
Um comentário:
Faço minhas as palavras de Samuel Rangel, ainda não esquecendo de demonstrar meu carinho pelo escritor desta peça maravilhosa, que me fez ter certeza do meu lugar no mundo! rsrsrs.
Mais uma vez obrigada, primeiro pela confiança de entregar em minhas mãos esta personagem linda que é Analice. Eu não dei tanta vida à ela quanto ela deu à mim.
Obrigada ainda por me confiar a assistência de direção de Analice, uma experiência totalmente nova, que ainda por cima veio junto com tantos outros compromissos que acabei acumulando.
Sempre sou uma das primeiras a chegar ao teatro no dia do espetáculo, a fim de tentar organizar alguma coisa. rsrsrs.
Na primeira apresentação de Analice em Curitiba, stress e ansiedade tomaram conta de mim, todos sabem, e com o passar do tempo, estes sentimentos se transformaram em satisfação. Isso pôde ser notado mais do que nunca na apresentação de sábado, quando cheguei ao teatro às 20.10 h. (graças ao meu namorado, Kucha, que serviu de motorista de estrela, rsrsrs, me carregando do Lala Schneider para o Fernanda Montenegro, correndo, e mais preocupado que eu, na verdade), cumprimentando Samuel, que se espantou com minha tranqüilidade e boa energia.
Para mim, além do cansaço físico e mental, valia estar ali, com vocês, apresentando a peça que mais me deu e me dá prazer nestes 10 anos de carreira.
Obrigada a todos que fazem parte disso.
Vanessa Pampolini
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